Primeiramente, precisamos entender o que é classificação biológica, sua importância e sua origem. No mundo, existem milhões de espécies de seres vivos, sendo eles bactérias, archeas, protozoários, fungos, plantas ou animais. Portanto, se torna extremamente necessário que, para qualquer estudo científico, haja uma classificação dessa imensa biodiversidade do planeta Terra. Para isso, cientistas trabalharam para criar um sistema mundial de compartimentação e divisão dos seres vivos conforme suas características biológicas, desde Aristóteles até o sistema que usamos hoje que conta com Reinos, Filos, Classes, Ordens, Famílias, Gêneros e Espécies e diversas super ou sub categorias. Vale ressaltar que alguns estudiosos utilizam uma classificação extra, que seria mais abrangente que o Reino, o Domínio.
A classificação de Aristóteles:
Um dos pioneiros na classificação e divisão em grupos dos seres vivos;
Destaca a importância da organização corporal dos animais como critério para dividi-los em categorias;
Dividiu, basicamente, os seres entre minerais (não vivos), plantas e animais (vivos);
Após o renascimento, estudiosos começaram a pensar em sistemas que agrupasse os seres vivos de acordo com suas características mais típicas, como estrutura corporal e funções orgânicas. Começou a surgir, assim, os sistemas naturais de classificação.
A classificação de Lineu:
Lineu foi um botânico sueco que propôs a classificação dos seres em grupos nomeados táxons no ano de 1735. Em seu trabalho "Systema Naturae", ele sugeriu uma classificação com unidades que serviram de molde para as adotadas nos dias de hoje com grupos mais abrangentes (Reinos) e grupos mais específicos (Espécies);
Espécie era um grupo de indivíduos dotados de certas características estruturais típicas, ausentes em outros grupos;
Lineu acreditava que as características anatômicas eram as mais adequadas para agrupar seres.
A classificação nos dias de hoje (taxonomia):
Taxonomia se trata da ciência que lida com a descrição, identificação e classificação dos organismos.
Regras para classificação
Todo o nome científico das espécies é BINOMIAL, sendo que a primeira palavra se refere ao gênero e deve iniciar com letra MAIÚSCULA e a segunda se refere a espécie. Quando apresentar três nomes, o terceiro é a subespécie. Se apresentar quatro nomes, que geralmente é usado em plantas, se refere a variedade.
A nomenclatura é feita em latim, uma vez que é uma língua morta e não muda mais, podendo assim ser utilizada por cientistas em todo o globo.
Caso a palavra escolhida para dar nome a uma espécie não exista em latim, como nome do cientista descobridor, deve-se "latinizar" a palavra.
Quando digitado, o gênero e espécie devem ser em itálico (Ex. Canis lupus) e quando manuscrito, deve ser sublinhado.
O nome da pessoa que descreveu a espécie fica ao final (gênero, espécie, ano e o nome do autor)
Para nomenclatura da família, utiliza-se o gênero acrescentando ACE, para as plantas, ou IDAE, para os animais (Ex. espécie Canis lupus, família Canidae / espécie Rosa agrestis, família Rosace).
Categorias taxonômicas
Vamos analisar a figura ao lado para melhor explicar a classificação científica usada hoje em dia. Observamos, mais a esquerda, o Ursus americanus, espécie popularmente conhecida como urso negro. Veja que só há um possível indivíduo que representa essa espécie, tendo em vista que essa categoria é a mais específica de todas. Em seguida, à direita, temos o gênero Ursus, que já conta com o urso polar e o urso pardo, pois apresentam algumas características em comum com o urso negro. Mais adiante temos a família Ursidae, que apresenta outros ursos como o urso-panda, uma vez que possuem características em comum com o urso negro. Seguindo, encontramos a ordem Carnivora, agora apresentando espécimes mais distante do urso negro, como o lobo e a onça, porém mantém o parentesco em comum de todos comerem carne. Então encontramos a classe Mammalia, onde representantes dos mamíferos muito distantes do urso negro como os golfinhos se encontram, mas ainda mantendo o parentesco de ambos serem mamíferos. Adiante temos o filo Chordata, com espécimes muito distantes do Ursus americanus como anfíbios, aves e peixes, porém todos possuem o traço em comum de terem um intraesqueleto. Quase por fim o reino Animalia com representantes desde ursos a seres simples como as esponjas. Por fim, mas não menos importante, o domínio Eukaria, que conta com todos os seres eucariontes do planeta. O que podemos concluir é que a classificação biológica conta com diversas esferas, algumas muito abrangentes, outras nem tanto, mas cada uma com suas especificidades, até chegarmos a uma única e singular espécie.
Mas o que é espécie afinal?
Existem diversos conceitos de espécie, mas o mais aceito é que espécie se trata de um grupo de organismos que vivem em determinado espaço e tempo, apresentando mesmo número de cromossomos e capazes de se reproduzir gerando descendentes férteis.
Especiação
A especiação corresponde ao processo evolutivo que envolve o surgimento de novas espécies. Este foi um tema que, por muitos anos, o Homem tentava explicar. Primeiramente, com a teoria criacionista, depois, na Grécia, sugerindo que era algo lento na qual ia se transformando em outro, mas ninguém sabia exatamente qual era o mecanismo. No século XIX, Lamarque propôs que tudo se adaptava ao meio ambiente, até que, enfim, Darwin percebe que os horticultores selecionavam artificialmente alfaces, logo, concluiu que se o homem faz de forma artificial, a natureza faz de forma natural, descrevendo, então, o mecanismo de Seleção Natural.
A seleção natural sugerida por Darwin possibilita aos indivíduos que possuem características benéficas sobreviverem com as condições impostas pelo meio ambiente. Essas características são provocadas por alterações genéticas que, por sua vez, ao longo do tempo, podem gerar duas consequências: adaptação das populações às condições ambientais ou formação de novas espécies (especiação).
Existem quatro tipos principais de especiação, dentre eles temos:
Especiação alopátrica: ocorre quando uma população de uma determinada espécie é dividida por uma barreira geográfica, seja ela ela um deserto, montanhas, florestas, ocorrendo um corte no fluxo gênico das populações.
Especiação peripátrica: é aquela em que, em um mesmo lugar (sem barreiras geográficas), duas populações de uma mesma espécie não cruzam entre si, resultando em diferenças que levarão à formação de uma nova espécie.
Especiação parapátrica: ocorre quando duas populações de uma mesma espécie diferenciam-se e ocupam áreas contíguas, mas ecologicamente distintas. Por estarem em áreas de contato, é possível o intercruzamento, que acaba gerando híbridos. Essas áreas são chamadas de zona híbrida e acabam se tornando uma barreira ao fluxo gênico entre as espécies que estão se formando.
Especiação simpátrica: redução do fluxo gênico numa população de uma mesma área geográfica devido a exploração de nichos diferentes.
Cladogramas
Uma das melhores maneiras de enxergarmos o processo de especiação e evolução é através de um cladograma. Basicamente pode-se dizer que se trata de um mapa mental que mostra o ancestral em comum, as diferenças que separam um indivíduo ou grupo de indivíduos de outro e os traços que mantém em comum.
Aqui temos dois exemplos de estruturas possíveis para um cladograma
Nesta imagem observamos a raiz (ancestral em comum) e os nós do cladograma representando as cladogêneses.
Cladogênese corresponde ao surgimento de novas ramificações com suas próprias características únicas que diferem determinado grupo dos outros. Essa característica única presente somente naquela ramificação (táxon) é chamada de apomorfia e a característica ancestral compartilhada por todos os
táxons é chamada plesiomorfia.
Vemos aqui um cladograma dos vertebrados. Observamos que os peixes possuem diversas apomorfias como corpo hidrodinâmico, nadadeiras, etc. Em contra partida, a apomorfia do táxon à direita é a presença de pulmões capazes de respirar fora d'água e essa é a primeira cladogênese no grupo dos vertebrados.
Para acessar os slides dos conteúdos de biologia feitos pelos alunos da turma 204 do Colégio Militar de Porto Alegre no ano de 2020 acesse o link abaixo:
https://drive.google.com/drive/folders/1mgwTA0R0NEgQXQ4qgdaqXUwE_PviM2-J?usp=sharing
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